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Pesquisador do MíDI media debate sobre fake news

Estudantes e professores de Jornalismo, Ciências Sociais, Biblioteconomia e outros cursos da UNIR em Porto Velho, além de secundaristas, participaram da conversa sobre Fake News: Democracia e Imprensa, na noite de quinta-feira (20/02) na UNIR Centro. Quem esteve presente, ouviu que a propagação industrial e massiva das informações falsas ameaça a democracia e a vida dos alvos desses ataques, principalmente com constantes ataques ao jornalismo.

A mesa foi composta pelo professor Vinicius Miguel, do curso Ciências Sociais, e Sandro Colferai, com mediação do professor Allysson Martins, ambos do curso de Jornalismo. Os docentes apresentaram um pouco do conhecimento produzido em torno da desinformação no país, sobretudo em questões jornalísticas e jurídicas.

“Mais do que uma mentira, a fake news é uma verdade autossuficiente”. Esta foi a frase que o professor Sandro Colferai utilizou para definir o fenômeno da divulgação e aceitação das informações falsas. Para Colferai, a simples criminalização não é uma saída eficaz para evitar a disseminação de fake news, especialmente porque pode significar um risco para a liberdade de imprensa, fundamental em sociedades democráticas. “Não se trata de não reconhecer o problema representado pela fake news, mas da necessidade tratar esta relação de maneira série e competente, tentando afastar paixões políticas partidárias o máximo possível”, definiu o docente, que enfatizou as questões morais na propagação de informações falsas.

O professor Vinicius Miguel apresentou um histórico de como essas desinformações já afetaram os brasileiros. “As fake news hoje têm o poder de acabar com a reputação dos indivíduos, afetando profundamente a vida das pessoas”, disse. Um dos maiores problemas em torno das desinformações seria o tempo para combatê-las. No âmbito jurídico, demoram-se meses para iniciar um julgamento, enquanto as redes sociais costumam julgar improcedentes as denúncias. “Depois de alguns dias que essas notícias falsas já estão circulando e destruindo a imagem de alguém, recebemos um comunicado dessas empresas informando que não houve violação de sua política”, explicou.

O debate prosseguiu com plateia. A propagação de fake news pelo próprio governo, em suas diversas esferas, foi problematizada ao se pensar ainda o papel do jornalista na assessoria de comunicação, responsável pela imagem dos órgãos públicos. Miguel apontou a Lei de Acesso à Informação como fundamental para responsabilizar os gestores públicos, enquanto Colferai citou a ética profissional como demarcadora das possibilidades de atuação jornalística. De maneira geral, a preocupação era como evitar a propagação das fake news. Os docentes apresentaram algumas saídas, como avaliação da fonte de informação e da sua estrutura, fortalecimento dos canais específicos de checagem e, a longo prazo, formação crítica da mídia nas escolas.

O professor Allysson Martins encerrou a noite pontuando que uma sociedade democrática precisa de uma imprensa livre. “Em governos anteriores, empresas jornalísticas já eram atacadas, mas não o jornalismo em si. A desvalorização desta instituição é um caminho propício para a desinformação”, ressaltou. Segundo Martins, o jornalista comete erros como outros profissionais, e não há problema em cobrar e reclamar disso, mas diminuir esta instituição pode ser um caminho para o esfacelamento da democracia e o estabelecimento das fake news.

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MíDI - Laboratório de Mídias Digitais e Internet

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